quarta-feira, 20 de abril de 2016

Finalmente



Belo Monte inicia operação comercial 6 anos após licitação


 Belo Monte, no Pará: a turbina estava operando em testes desde o início de abril

 
São Paulo - A hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, iniciou nesta quarta-feira a operação comercial de sua primeira turbina, exatos seis anos após a licitação em que teve a concessão arrematada pela Norte Energia, uma sociedade liderada pela estatal Eletrobras.

A primeira máquina a operar na usina do rio Xingu tem 611 megawatts em potência, o que representa pouco mais de 5% da capacidade total da usina (11,2 mil megawatts), que será a terceira maior do mundo quando concluída, o que está previsto para 2019.

A turbina estava operando em testes desde o início de abril.

A autorização constou de despacho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no Diário Oficial da União

Atualmente, o empreendimento tem como sócios as elétricas Eletrobras, Cemig, Light e Neoenergia, além de Vale, Sinobras, J. Malucelli e os fundos de pensão Petros e Funcef.
Orçada em 25,8 bilhões de reais, a usina começou a ser estudada em 1975, sempre em meio a disputas com povos indígenas da região. 

Em um encontro sobre o projeto, em 1989, o então engenheiro da Eletronorte, Antônio Muniz Lopes, viu uma índia esfregar um facão em seu rosto em protesto contra a usina, então chamada de Kararaô.

Anos depois, o mesmo Muniz Lopes chegaria à presidência da Eletrobras e retomaria o projeto no início do governo Lula com o nome de Belo Monte, mas não sem novas polêmicas.

O leilão da usina, em 2010, foi paralisado diversas vezes por ações judiciais, e após isso a construção da usina enfrentou também diversos entraves na Justiça e junto a ribeirinhos e povos indígenas.

Após diversas paradas, a hidrelétrica inicia a operação comercial com mais de um ano de atraso em relação ao cronograma original, que apontava para o início da geração no começo de 2015.

Agora, Belo Monte tenta negociar junto ao Ministério de Minas e Energia um perdão para o descumprimento do cronograma, o que já foi negado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em duas oportunidades.


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Santa Netflix!



Para dominar o mundo, Netflix deve convencer céticos nos EUA
AFP 


 Sede da empresa Netflix: crescimento do número de assinantes americanos perdeu força no ano passado



Executivos do Netflix se uniram aos atores Kevin Spacey e Ashton Kutcher em Paris, nesta semana, para buscar novos clientes na Europa. Enquanto isso, os investidores procuram novas garantias para o que está acontecendo no mercado doméstico da empresa: os EUA.

O crescimento do número de assinantes americanos perdeu força no ano passado, criando um novo obstáculo na busca do Netflix para aumentar sua base doméstica para algo entre 60 milhões a 90 milhões de clientes, contra quase 45 milhões atualmente. 

Quando divulgar os resultados do primeiro trimestre, na semana que vem, é esperado que a empresa dona da plataforma mostre 1,75 milhão de novos assinantes nos EUA, menor aumento registrado desde 2012. As ações caíram nas semanas posteriores ao último relatório da empresa, quando o crescimento nos EUA ficou abaixo das projeções pelo segundo trimestre seguido.

Enquanto o Netflix investe bilhões em programação original para suplantar a TV paga tradicional com seu streaming sob demanda, a desaceleração do crescimento preocupa os investidores que utilizam o mercado doméstico da empresa como barômetro para o seu potencial fora dele. Embora a maior rede de TV on-line do mundo esteja ampliando a base de clientes na Europa e na América do Sul a um ritmo veloz, segundo projeções dos analistas, ela continua perdendo dinheiro no exterior.

“Eles vêm impulsionando o crescimento do número de assinantes por meio de lançamentos internacionais, mas agora chegaram ao limite”, disse Richard Broughton, diretor de pesquisa da Ampere Analysis. “Tirando a China, não há novos mercados. E aí?”.

Se o crescimento do número de assinantes continuar desacelerando, disse Broughton, a única opção do Netflix será ajustar os preços, elevando-os em países mais desenvolvidos e reduzindo-os nos demais. Mas a empresa já vai aumentar os preços no mês que vem, tornando a perspectiva de outra elevação mais arriscada.

Queridinha de 2015
Após entregarem os melhores retornos do Standard & Poor’s 500 Index em 2015, as ações do Netflix caíram 4,1 por cento neste ano. Elas afundaram 23 por cento nas duas semanas após o relatório de lucros mais recente da empresa, em 19 de janeiro. Os analistas que cobrem o Netflix também estão divididos em relação aos papéis, com 25 recomendações de compra, 17 de manutenção e quatro de venda.

A chave para atingir seu alvo nos EUA, maior mercado do Netflix, será lançar novos programas emocionantes, segundo o CEO Reed Hastings, que ajudou a fundar a empresa, em 1997. O Netflix expandiu seu conteúdo original além dos dramas fortes e das comédias extravagantes que se pode encontrar em canais premium de TV a cabo como HBO e Showtime.

Elevando preços
O desafio mais imediato para a empresa com sede em Los Gatos, Califórnia, será convencer parte de seus clientes de longa data a permanecerem após os aumentos de preços do mês que vem. O Netflix subirá as tarifas em US$ 2 por mês para os clientes que são assinantes há mais de dois anos, enquanto os clientes que assinaram entre maio de 2014 e setembro do ano passado desembolsarão um dólar extra por mês. A medida afetará os clientes em diferentes momentos ao longo do ano.

Apenas 20 por cento dos usuários estão cientes do aumento de preço iminente, enquanto 12 a 15 por cento podem vir a cancelar sua assinatura, segundo uma pesquisa do JPMorgan.

O ajuste terá algum efeito sobre os negócios do Netflix, mas que não serão drásticos, segundo Doug Anmuth, do JPMorgan. Ele reduziu suas projeções para os aumentos de assinaturas do Netflix no segundo trimestre para 404.000.

O aumento de preço terá um efeito mais positivo sobre os lucros do Netflix. A empresa divulgou lucros mais elevados em sua divisão de streaming doméstico em todos os trimestres desde que a separou, em 2011.

O Netflix diz que é rentável em territórios nos quais opera há pelo menos alguns anos, como Canadá, Reino Unido e Escandinávia. O plano é que a maioria dos países copie o modelo rentável dos EUA. A empresa conta com cerca de 30 milhões de assinantes internacionais.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

Nação de oportunidades



Nos EUA, estudantes podem transformar sua pesquisa em negócios

 O brasileiro André Mendes conta como alia pesquisa e empreendedorismo no seu PhD em Nova York - seu projeto/produto já está no mercado!







Por André Mendes, estudante de PhD nos Estados Unidos
Quando eu digo para as pessoas no Brasil que faço doutorado, o pensamento delas é de que estou me preparando para ser professor. No entanto, é engraçado ver a reação de espanto quando eu digo que dar aulas em uma universidade não está nos meus planos agora. Apesar de eu entender o motivo das pessoas associarem o doutorado com a profissão de professor, na minha concepção há muitas outras possibilidades para quem esta nesse tipo de pós-graduação.

A pergunta que vem a seguir é: por que então fazer doutorado? E por que fazer nos EUA? Durante a minha graduação em Engenharia Mecatrônica pela PUC-PR, eu me envolvi com iniciação cientifica desde o primeiro ano e foi dessa experiencia que surgiu o meu interesse por pesquisa. A independência e a possibilidade de criar e aplicar novos métodos em diferentes problemas foi o que sempre me motivou no meio acadêmico.

Contudo, fazer doutorado não estava nos meus planos porque eu achava que eu precisava de algo mais pratico, e eu não conhecia muitas pesquisas aplicadas na minha área e no Brasil. Em 2013, fiz um intercambio para University of Califórnia Davis, nos EUA, e entre muitas reflexões, vi que o que gostava era inteligência artificial. Ao voltar para o Brasil, comecei a pesquisar nessa área e em 2014 fiz um estagio de verão na University of Victoria, no Canadá, onde criei um sistema que usa aprendizado de máquinas para analisar imagens subaquáticas, ajudando os biólogos da região de Vancouver. Essas duas experiencias me mostraram que é possível publicar artigos científicos com pesquisas aplicadas que geram solução para problemas reais.

Foi então que decidi aplicar para o PhD em ciências da computação na New York University. Minhas principais razões para escolher os Estados Unidos foram a integração entre universidade e indústria e o incentivo ao empreendedorismo. Durante as minhas experiências internacionais, eu via que vários projetos das universidades eram em parceria com empresas como Google, Yelp, Twitter, Amazon e outras. Para mim, sempre fez muito sentido a indústria ir buscar na academia o conhecimento e a tecnologia necessária para melhorar seus métodos e produtos e eu não via isso acontecendo no Brasil – não tanto quanto aqui pelo menos.

Em relação ao empreendedorismo, há vários cases de sucesso de estudantes de PhD que transformaram a sua tese em um produto e fizeram disso uma empresa. Apesar de ser possível fazer isso em qualquer lugar, eu sinto que aqui nos EUA isso é mais comum e as universidades oferecem vários recursos como aceleradoras, prêmios e programas de mentoria para os alunos que, assim como eu, desejam seguir esse caminho.

Contudo, mesmo com todos os recursos, criar um produto e fazer um doutorado não é fácil. Um dos principais desafios é transformar a sua pesquisa em um produto (ou no meu caso, transformar o seu produto em uma pesquisa) para que você não fique dividido em dois projetos grandes e acabe não fazendo nenhum deles. Eu esse é o meu desafio hoje com o DeepChoice, um sistema que aplica inteligência artificial em processos seletivos.

Esse projeto é baseado em métodos de aprendizado de máquinas publicados em vários artigos acadêmicos e sua criação depende de duas etapas complementares: engenharia e pesquisa. Engenharia envolve encontrar os melhores métodos já validados e integrá-los ao sistema; a pesquisa envolve melhorar esses métodos e criar novos quando não há algo pronto para o que eu preciso. Dessa pesquisa é que sai o diferencial e a inovação do meu produto, além das publicações que eu preciso para me formar. Alem disso, para aproveitar ainda mais o meu tempo, eu faço aulas que são baseadas em projetos e desenvolvo módulos do DeepChoice nesses projetos. Assim, melhoro o sistema e ainda tiro notas boas.

De forma geral, o DeepChoice é um sistema com inteligência artificial que utiliza dados para aprender as principais características dos melhores candidatos em um processo seletivo e ser capaz de avaliar novos candidatos. Isso é importante para empresas que possuem milhares de pessoas em seus processos seletivos e não tem recursos humanos suficientes para avaliar todos eles. O objetivo não é substituir as pessoas, mas sim fornecer uma ferramenta que ajuda a escalar e melhorar o processo através da analise de dados. O DeepChoice está sendo testado no processo seletivo de bolsas da Fundação Estudar e os resultados iniciais foram apresentados na primeira Brazilian Conference, Brascon em Harvard.

Por fim, o DeepChoice está no começo, mas eu acredito que pode ser muito promissor, tanto como um produto quanto como a minha tese de doutorado. Sobre o doutorado em geral, eu acredito que essa é uma ótima maneira de se especializar e desenvolver uma área e ao mesmo tempo usar o conhecimento adquirido para resolver um problema real. Ser professor pode ser uma ótima alternativa, mas com certeza não precisa ser a única e o Brasil pode se beneficiar muito com mais doutores na indústria e criando empresas.

*Foto: Pesquisa e programação na Arduino Academy / Crédito: Kristina D.C. Hoeppner CC BY-SA 2.0


sexta-feira, 1 de abril de 2016