segunda-feira, 30 de maio de 2016

Governo de canalhas usurpadores



Meirelles: governo pode adotar novas medidas para aumentar arrecadação
  • 30/05/2016 18h57
  • Rio de Janeiro
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil



 
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje (30) que o governo tem de criar condições macroeconômicas para que todos possam trabalhar, produzir e investir para que o país volte a crescer. As primeiras medidas tomadas pelo governo Michel Temer vão nessa direção, destacou o ministro na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Ele adiantou que outras medidas podem ser adotadas para aumentar a arrecadação e citou a venda de ativos, as concessões e privatizações.

Segundo o ministro, há muito trabalho a fazer, e a finalidade do governo é promover o crescimento econômico do país. De acordo com Meirelles, isso significa criar emprego, aumentar a renda e a produção das empresas e, principalmente, o número de empregos e a renda média da população brasileira. "Isso é o que deve nortear o trabalho de todos.”

Ele ressaltou que as primeiras medidas visam à correção do crescimento das despesas e da dívida pública. Meirelles disse que, de 1997 a 2015, o crescimento anual médio da despesa pública atingiu quase 6% ao ano acima da inflação, enquanto o gasto do governo federal subiu de 14% para 19% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos no país. “A sociedade brasileira não tem como sustentar uma trajetória de gasto nessa direção”, destacou o ministro, lembrando que o endividamento foi uma consequência.

O ministro enfatizou que a economia entrou em uma espiral negativa, com aumento do desemprego, e que isso precisava ser enfrentado de forma imediata, inicialmente com a exposição da realidade à sociedade, o que ocorreu com a divulgação do “número realista do déficit primário”, de R$ 170 bilhões, superior ao que fora informado anteriormente (R$ 96 bilhões).

O segundo passo é discutir com a sociedade, representada pelo Congresso Nacional, as medidas necessárias para ajustar esse processo, fazer a economia voltar a crescer e aumentar a confiança no país. “A vida é feita de previsibilidade ou horizonte de planejamento”, disse Meirelles. Para ele, isso é importante não só para as famílias, mas para as empresas e o governo. “Quanto mais longo o horizonte de planejamento, melhor para a economia.”
Edição: Nádia Franco

sábado, 14 de maio de 2016

Depois do golpe, investimentos



Moreira Franco destaca importância de conselho para parcerias de investimentos
  • 12/05/2016 22h06
  • Brasília
Marcelo Brandão - Repórter da Agência Brasil*


 
Presença constante nas reuniões de formação da equipe ministerial do governo de Michel Temer, Moreira Franco anunciou hoje (12) a criação, por medida provisória, do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do qual ele será secretário executivo. Segundo a proposta, o presidente interino da República presidirá o conselho.

“[O conselho] é exatamente onde vamos redefinir todo o ambiente da legislação e [será] regulatório para que possamos criar segurança, serenidade, tranquilidade e, sobretudo, transparência a esse processo”. Moreira Franco não terá status de ministro na equipe de Temer. Ele destacou a importância da criação do conselho para “desobstruir todos os empecilhos na regulamentação” das parcerias público-privadas (PPPs).

A expectativa com relação às parcerias, segundo ele, é de desenvolver bastante o programa, na medida em que possam desobstruir todos os empecilhos na regulamentação, na falta de segurança jurídica e na definição clara do papel dos estruturadores. Ele ressalta também a importância de criar condições para os parceiros, que terão a responsabilidade de operar no sistema financeiro, e daqueles que irão concorrer. Quem é estruturador, por exemplo, não pode participar do leilão, porque "isso cria um ambiente de insegurança e não dá transparência ao processo”, destacou.

Moreira Franco disse que o governo pretende deixar que a taxa de retorno financeiro que a empresa tem ao administrar a concessão seja definida pelo mercado. “A taxa de retorno é definida pelo mercado. É exatamente a mesma coisa quando vamos ao supermercado, achamos que o preço está caro e vamos procurar em outro, porque preço não é um ato de vontade. Preço é fruto de um ambiente comercial, e isso é critério universal. É esse critério que vai ser seguido”, afirmou.

Ele criticou o modelo anterior de concessões, em que a taxa de retorno era fixada pelo governo, e reduzia a quantidade de participantes nos leilões. “A taxa de retorno não é uma questão que seja decidida, como tentaram fazer, nem pelo presidente da República, nem pelo secretário executivo, nem pelo ministro”, disse Moreira Franco, pouco antes da cerimônia de posse dos ministros do governo de Michel Temer, hoje à tarde, no Palácio do Planalto.

Temer assumiu no final da manhã como presidente interino da República, em decorrência de o Senado ter aprovado,  no início da manhã, por 55 votos a favor e 22 contra, a admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Com isso, o processo está aberto no Senado e Dilma fica afastada do cargo por até 180 dias.

* Colaborou Sabrina Craide
Edição: Stênio Ribeiro
 


sábado, 7 de maio de 2016

A velha e segura Europa



Brasileiros trocam Miami por Lisboa
Investimento imobiliário na capital portuguesa vive ‘boom’ devido às mudanças de legislação nos EUA



 As mudanças na legislação e a situação econômica são dois fatores fundamentais para que o investidor brasileiro se volte mais para Lisboa e menos para Miami na hora de comprar imóveis. O brasileiro se tornou o melhor cliente das agências imobiliárias lisboetas, já que tem chegado à capital portuguesa com o orçamento mais elevado de todos os demais investidores.

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Os brasileiros formam a maior comunidade estrangeira em Portugal, com 87.493 residentes, ou seja, 22% do total de estrangeiros, segundo dados oficiais. Graças ao incremento do turismo internacional, a imagem que o brasileiro tem de Portugal mudou bastante.

“Durante muito tempo, o brasileiro viu Portugal como um país pobre e atrasado”, comenta Catarina García, diretora da Remax Collection. “Houve uma mudança de mentalidade, em boa parte pelo trabalho realizado no Brasil e, em parte, devido ao crescimento do turismo em Lisboa”.

O brasileiro é o turista que mais gasta em Lisboa, depois dos angolanos e dos alemães, mas na hora de comprar uma casa é o que dispõe do orçamento maior, tornando-se um cliente de alto padrão. É a isso que se dedica, em seu trabalho, Gustavo Soares, da Sotheby’s: “É um cliente que procura imóveis a partir de 800.000 euros (3,2 milhões de reais) e com cerca de 300 metros quadrados, de preferência no percurso entre Lisboa e Estoril”.

Soares admite que o número de consumidores brasileiros aumentou muito nos últimos dois anos, seja em decorrência da crise econômica em seu país, seja por causa das boas perspectivas apontadas para Portugal.

A PwC publica anualmente um relatório imobiliário para investidores internacionais. No Emerging Trends in Real Estate de 2016, Lisboa aparece como a sétima cidade mais atrativa para investimento, em um total de 28 grandes cidades analisadas.

“A sensação é de que Portugal voltou a estar no radar dos investidores. A recuperação de Lisboa foi total; com o impulso da popularidade internacional e as conexões transatlânticas, a cidade voltou a ser um local atraente para os investidores”, afirma o relatório.

De todas as cidades que aparecem na lista da PwC, seja à frente ou atrás de Lisboa, só uma é atraente para os brasileiros. A consultoria coloca cidades como Berlim, Hamburgo, Dublin, Copenhague, Birmingham e Estocolmo nos primeiros lugares do seu ranking de investimento imobiliário, mas esses são lugares com os quais o brasileiro típico não costuma sonhar. A única exceção na lista é Madri, em quarto lugar.
“A capital espanhola às vezes é concorrente e às vezes é sócia”, observa Catarina García. “Temos brasileiros que compram aqui apesar de trabalharem em Madri, e vice-versa. O cliente aprecia muito a proximidade de Lisboa com as principais cidades europeias. Faz o papel de ponte aérea com a Europa.”

A explosão imobiliária que acontece em Lisboa se deve ao investimento estrangeiro, pois o consumo local é o habitual, mais barato e distante dos centros urbanos, que ficam reservados aos escritórios e moradores estrangeiros. O volume de vendas cresceu 27% no ano passado, e os preços no Chiado, o clássico bairro do centro lisboeta, dispararam, apesar de essa não ser a zona preferida dos investidores brasileiros.

“Diferentemente do europeu, as preferências deles são por condomínios com glamour; o francês, por exemplo, busca mais edifícios históricos no centro da capital”, explica Soares.

O comprador europeu valoriza mais a história do edifício que suas comodidades. É capaz de comprar, na Mouraria ou na velha Alfama, um apartamento sem elevador, sem vaga de garagem e aonde é quase impossível chegar de carro.

García observa, porém, que o Brasil “é um país tão grande que nele tampouco há um perfil único de comprador”. “É diferente o brasileiro que já trabalha na Europa, que vive entre cidades europeias – este é atraído pela moradia lisboeta clássica, carregada de história, mesmo que com o sacrifício de um pouco de comodidade; em troca, o brasileiro que chega pela primeira vez do outro lado do Atlântico procura espaço, praia e comodidade”.

João, vindo de São Paulo, comprou com a diretora da Remax três imóveis: uma casa à beira do rio, “para residência”, um apartamento em Lisboa, “para trabalhar”, e uma chácara “para os fins de semana”. “Tudo isso a vinte minutos de carro”, explica García. “Isso é impossível em São Paulo sem um helicóptero, além de toda a infra-estrutura necessária em segurança e serviços”.
A instabilidade política do Brasil incentiva a colocar as economias num porto seguro. Tradicionalmente esse mercado seguro e estável tinha sido Miami (Estados Unidos), mas uma mudança da legislação estadual aumentou o imposto de sucessões para 40% e o dinheiro fugiu da cidade norte-americana para se abrigar em Portugal.

“Nenhum destino oferece ao cliente brasileiro o que Lisboa oferece”, acrescenta García. “Sol, praia, segurança, bons preços, boas escolas, boas comunicações e, claro, a mesma língua…”. Também não há muita alternativa à economia, com o rendimento nulo do dinheiro no banco, o risco de uma bolsa louca e uma legislação que favorece os aposentados estrangeiros: zero encargos tributários em Portugal e nas aposentadorias de seu país de origem.

Diferentemente dos asiáticos, os brasileiros não investem para obter o visto de residência europeia. Os vistos gold são dados, fundamentalmente, a quem comprar um imóvel de mais de 500.000 euros; desde que a medida entrou em vigor há quatro anos, dos 3.247 vistos concedidos, 90% foram para cidadãos chineses e só 5% para brasileiros.

A consultora Catarina García adverte os recém-chegados que os preços no centro de Lisboa já estão altos – subiram 22% em um ano –, caso sua ideia seja o retorno do investimento e não a residência. “É um bom produto porque não vai desvalorizar, mas não vai obter rendimento; se quiser rendimentos de 6% sobre seu investimento, há coisas muito interessantes do outro lado de Lisboa”. Catarina não se refere só ao rio Tejo, mas também ao Atlântico: “Existem hoje, no Brasil, opções interessantíssimas de investimento para os portugueses”.