Inventário do fundador da Amil
gera disputa nos bastidores entre herdeiros
Mônica Scaramuzzo
Edson de Godoy Bueno morreu em fevereiro deste ano Reprodução
A herança de um dos principais
empresários do País, o médico Edson de Godoy Bueno, fundador da Amil, morto em
fevereiro vítima de um infarte aos 73 anos, virou alvo de disputa entre seus
herdeiros, apurou o Estado. O processo de inventário foi aberto em abril e está
na fase de levantamento do tamanho da fortuna dele, estimada em até R$ 15
bilhões, segundo fontes.
Mais do que uma simples divisão
de bens, o inventário pode mudar a estratégia traçada para um dos negócios da
família: o grupo Ímpar, que reúne oito hospitais e é avaliado entre R$ 4
bilhões e R$ 5 bilhões, de acordo com fontes. É justamente no destino dos
hospitais que reside o conflito.
Três fontes ouvidas pelo Estado
afirmaram que o plano do filho do empresário, o economista Pedro Bueno, é
vender a rede de hospitais, projeto que já estava em estudo por seu pai nos
últimos meses. Mas essa decisão estaria encontrando a resistência de sua
madrasta, Dulce Pugliese, sócia desse negócio e de outros ativos da família.
A família Bueno também é
controladora do laboratório de diagnósticos Dasa, com bandeiras como Delboni
Auriemo, Lavoisier e SalomãoZoppi - esta última adquirida quase um mês antes da
morte do empresário. Dentro do inventário está também a fatia que Bueno ainda
detinha na Amil, após a venda de 90% do negócio à americana United Health, por
R$ 10 bilhões, em 2012 - os 10% restantes foram divididos entre Bueno e Dulce,
sua ex-mulher. O espólio ainda inclui diversos imóveis.
O processo de inventário só
deverá ser concluído no segundo semestre. "A relação entre Dulce e Pedro
sempre foi muito civilizada. Só que os dois têm projetos diferentes para o
negócio de hospitais", contou uma pessoa a par do assunto. "Dulce
ficou mais atuante nos negócios após a morte de Edson. Ela sempre foi uma pessoa
de confiança do empresário, mesmo após a separação", disse outra fonte.
Sem mandato
Embora não existisse mandato
formal de bancos para a venda dos hospitais, as conversas sobre a saída do
setor estavam em andamento havia alguns meses. Pedro Bueno - que passou pelos
bancos Credit Suisse e BTG Pactual antes de assumir o comando da Dasa em 2015,
aos 24 anos - tem a intenção de levar o processo adiante, segundo uma fonte do
mercado financeiro.
Por ora, no entanto, a decisão
está congelada - e não apenas pela oposição de Dulce. O inventário, que corre
em segredo de Justiça, deve demorar para ser concluído. Isso porque ainda há um
processo em curso para o levantamento do valor exato dos bens de Bueno.
Procurada, a família informou,
por meio de sua assessoria, que não iria comentar o assunto.
As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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