Para
dominar o mundo, Netflix deve convencer céticos nos EUA
AFP
Sede da empresa Netflix: crescimento do número de
assinantes americanos perdeu força no ano passado
Da Bloomberg
Executivos do Netflix
se uniram aos atores Kevin Spacey e Ashton Kutcher em Paris, nesta semana, para
buscar novos clientes na Europa. Enquanto isso, os investidores procuram novas
garantias para o que está acontecendo no mercado doméstico da empresa: os EUA.
O crescimento do número de
assinantes americanos perdeu força no ano passado, criando um novo obstáculo na
busca do Netflix para aumentar sua base doméstica para algo entre 60 milhões a
90 milhões de clientes, contra quase 45 milhões atualmente.
Quando divulgar os resultados do
primeiro trimestre, na semana que vem, é esperado que a empresa dona da
plataforma mostre 1,75 milhão de novos assinantes nos EUA, menor aumento
registrado desde 2012. As ações caíram nas semanas posteriores ao último
relatório da empresa, quando o crescimento nos EUA ficou abaixo das projeções
pelo segundo trimestre seguido.
Enquanto o Netflix investe
bilhões em programação original para suplantar a TV paga tradicional com seu streaming
sob demanda, a desaceleração do crescimento preocupa os investidores que
utilizam o mercado doméstico da empresa como barômetro para o seu potencial
fora dele. Embora a maior rede de TV on-line do mundo esteja ampliando a base
de clientes na Europa e na América do Sul a um ritmo veloz, segundo projeções
dos analistas, ela continua perdendo dinheiro no exterior.
“Eles vêm impulsionando o
crescimento do número de assinantes por meio de lançamentos internacionais, mas
agora chegaram ao limite”, disse Richard Broughton, diretor de pesquisa da
Ampere Analysis. “Tirando a China, não há novos mercados. E aí?”.
Se o crescimento do número de
assinantes continuar desacelerando, disse Broughton, a única opção do Netflix
será ajustar os preços, elevando-os em países mais desenvolvidos e reduzindo-os
nos demais. Mas a empresa já vai aumentar os preços no mês que vem, tornando a
perspectiva de outra elevação mais arriscada.
Queridinha de 2015
Após entregarem os melhores
retornos do Standard & Poor’s 500 Index em 2015, as ações do Netflix caíram
4,1 por cento neste ano. Elas afundaram 23 por cento nas duas semanas após o
relatório de lucros mais recente da empresa, em 19 de janeiro. Os analistas que
cobrem o Netflix também estão divididos em relação aos papéis, com 25
recomendações de compra, 17 de manutenção e quatro de venda.
A chave para atingir seu alvo nos
EUA, maior mercado do Netflix, será lançar novos programas emocionantes,
segundo o CEO Reed Hastings, que ajudou a fundar a empresa, em 1997. O Netflix
expandiu seu conteúdo original além dos dramas fortes e das comédias
extravagantes que se pode encontrar em canais premium de TV a cabo como HBO e
Showtime.
Elevando preços
O desafio mais imediato para a
empresa com sede em Los Gatos, Califórnia, será convencer parte de seus
clientes de longa data a permanecerem após os aumentos de preços do mês que
vem. O Netflix subirá as tarifas em US$ 2 por mês para os clientes que são
assinantes há mais de dois anos, enquanto os clientes que assinaram entre maio
de 2014 e setembro do ano passado desembolsarão um dólar extra por mês. A
medida afetará os clientes em diferentes momentos ao longo do ano.
Apenas 20 por cento dos usuários
estão cientes do aumento de preço iminente, enquanto 12 a 15 por cento podem
vir a cancelar sua assinatura, segundo uma pesquisa do JPMorgan.
O ajuste terá algum efeito sobre
os negócios do Netflix, mas que não serão drásticos, segundo Doug Anmuth, do
JPMorgan. Ele reduziu suas projeções para os aumentos de assinaturas do Netflix
no segundo trimestre para 404.000.
O aumento de preço terá um efeito
mais positivo sobre os lucros do Netflix. A empresa divulgou lucros mais
elevados em sua divisão de streaming doméstico em todos os trimestres desde que
a separou, em 2011.
O Netflix diz que é rentável em territórios
nos quais opera há pelo menos alguns anos, como Canadá, Reino Unido e
Escandinávia. O plano é que a maioria dos países copie o modelo rentável dos
EUA. A empresa conta com cerca de 30 milhões de assinantes internacionais.
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